quinta-feira, 15 de julho de 2010

Saiba quem é Marina Silva, candidata do PV

Aos 52 anos, Marina Silva entra na disputa pela Presidência com o desafio de ser a "terceira via" do debate eleitoral. Senadora e ex-ministra do governo Luiz Inácio Lula da Silva, ela anunciou em agosto do ano passado que deixaria o PT após 30 anos.

Filiou-se ao PV já com a garantia de que tentaria a vaga de presidente pelo partido. Muito antes do início da campanha, Marina tem batido na tecla de que a população precisa negar uma eleição plebiscitária, evitando a polarização entre os sucessores de Fernando Henrique Cardoso e de Luiz Inácio Lula da Silva, respectivamente José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT).

Apesar das divergências com Lula - ela deixou o Ministério do Meio Ambiente após rusgas com Dilma Rousseff (ex-Casa Civil), Reinhold Stephanes (Agricultura) e Roberto Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos) -, Marina tem uma trajetória que é comparada à do presidente metalúrgico.

Descendente de retirantes nordestinos que foram para o Norte extrair borracha, Marina nasceu Maria Osmarina Marina Silva em 8 de fevereiro de 1958 no seringal Bagaço, a 70 km de Rio Branco, capital do Acre. Neta de portugueses e escravos, filha de Pedro Augusto e Maria Augusta Silva, Marina teve dez irmãos, mas só sete sobreviveram.

Com a morte da mãe, quando tinha 14 anos, Marina foi para Rio Branco tratar de uma hepatite. Na capital do Acre, passou a trabalhar como empregada doméstica e foi alfabetizada no Mobral. Aos 16 anos, foi morar em um convento e decidiu ser freira, ideia que abandonou anos mais tarde.
Raimundo Souza, era um técnico em informática com quem teve dois filhos: a menina Shalon e o menino Danilo. Após se casar, Marina concluiu os estudos do 1° e 2° grau e passou no vestibular de história da Universidade Federal do Acre. Foi na universidade que descobriu a política. Começou a militar no movimento sindical, entrou para um grupo de teatro e descobriu o intelectual revolucionário alemão Karl Marx. O segundo casamento já dura 23 anos com o técnico agrícola Fábio Vaz de Lima, com quem Marina teve duas meninas: Moara e Mayara.

Paixão política

Em 1984, ao lado de Chico Mendes, ajudou a fundar a CUT (Central Única dos Trabalhadores) do Acre e, no ano seguinte, entrou para o PT para ajudar a candidatura de Chico Mendes, que tentava se eleger deputado estadual. Juntos, os dois disputaram uma vaga na Assembléia Legislativa do Acre, mas não conseguiram se eleger.

Marina teve uma carreira política meteórica. Em seu terceiro ano no PT, Marina foi eleita a vereadora mais bem votada de Rio Branco, em 1988. Dois anos mais tarde, repetiu o feito e foi a candidata que recebeu mais votos no Estado na disputa por uma vaga como deputada estadual. Em 1994, Marina foi eleita a senadora mais jovem do Brasil, aos 36 anos. Como o mandato no Senado dura oito anos, ela conseguiu a reeleição em 2002.

Saúde frágil

Marina é vista como frágil por adversários e aliados, e não apenas por causa de sua aparência desprotegida e seus exíguos 53 quilos. Aos seis anos, Marina sofreu uma contaminação por mercúrio, que só foi descoberta em 1992, quando ela tinha 34 anos. A contaminação é a fonte de todos os problemas de saúde da candidata, que já teve cinco malárias, três hepatites e uma leishmaniose.

Por causa das doenças, ela é alérgica e não pode comer frutos do mar, carne vermelha, lactose e temperos. A senadora não toma bebidas alcoólicas e gasosas. A pele de Marina sofre reações alérgicas se entra em contato com maquiagens, perfumes, tinta de impressora e poeira. Os sintomas da alergia vão de coceira à taquicardia.

Ministra de Lula

Com a vitória de Lula nas urnas, foi escolhida para fazer parte do governo. Foi nomeada ministra do Meio Ambiente, cargo que ocupou até 2008, quando saiu após discordar dos pedidos para acelerar licenças ambientais para obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Ela voltou para o Senado e, em agosto do ano passado, anunciou que deixaria o Partido dos Trabalhadores após 30 anos de militância.

Marina migrou para o Partido Verde. E, desde então, faz duras críticas à maneira de governar do PT, apesar de, na maioria das vezes, poupar o nome de Lula.

Temas polêmicos

Marina não esconde sua ligação com a religião. Evangélica, ela é contra o aborto, as pesquisas com células-tronco embrionárias e o uso da expressão casamento gay. Para Marina, o termo se refere ao sacramento religioso, e não à união civil entre pessoas do mesmo sexo, que ela defende. Na disputa eleitoral, a candidata evita tocar em alguns assuntos e já defendeu plebiscitos para discutir temas controversos como o direito ao aborto e a legalização das drogas.

A candidata do PV se envolveu em polêmicas ao defender que as escolas adventistas ensinassem o criacionismo, mas depois ponderou que o direito deveria ser aliado ao ensino do evolucionismo.

Meio ambiente

Ao lado de Lula, Marina é uma das brasileiras mais respeitadas fora do país e recebeu diversos prêmios internacionais por sua atuação em defesa ao meio ambiente. Em 1996, foi reconhecida com o Prêmio Goldmann de Meio Ambiente pela América Latina e Caribe. Em 2007, recebeu o prêmio Champions of the Earth (Campeões da Terra), maior reconhecimento das Nações Unidas para a área ambiental. No mesmo ano, foi listada pelo jornal britânico The Guardian como uma das 50 pessoas que podem ajudar a salvar o planeta. No ano seguinte, a RAN (Rainforest Action Network), dos Estados Unidos, deu a Marina o prêmio World Rainfores Award, pelo trabalho da ministra para proteger a Amazônia.

Pela criação do Programa de Áreas Protegidas da Amazônia Regional, Marina foi premiada com o Duke of Edinburg da ONG internacional WWF, também em 2008. Um ano mais tarde, recebeu em Oslo, na Noruega, o prêmio Sophie, da Sophie Foundation. No ano passado, Marina foi lembrada pela Fundação Príncipe Albert II de Mônaco e recebeu o Prêmio sobre Mudança Climática, também por causa de sua atuação na área e pelas iniciativas para criar um desenvolvimento sustentável.

Agora, Marina enfrenta o maior desafio de sua carreira política. Pesquisas apontam que ela é a terceira colocada em intenção de voto - variando entre 8% e 12%. A senadora, ex-ministra, ex-vereadora e ex-deputada precisa concretizar o desejo de ser uma alternativa para o eleitorado e convencer o país de que ela pode chegar ao segundo turno com chances de vitória.

Nenhum comentário:

Postar um comentário