terça-feira, 29 de junho de 2010

Programas de geração de renda ampliam autoestima de portadores de transtornos mentais

Depois de sete tentativas de suicídio, a artesã Maria Aparecida Sales hoje lida de forma diferente com a depressão. É entre linhas, agulhas, bordados e conversas ao redor de uma grande mesa que ela tem conseguido conviver com o transtorno mental. Cida é uma das 30 associadas do projeto Gerarte, iniciativa de geração de renda associada ao tratamento nos centros de Atenção Psicossocial (Caps) de Goiânia.
“Aprendi a fazer chaveiros, a bordar, a fazer muita coisa. E isso traz esperança e coisas boas. Antes não tinha com o que ocupar a mente. Para quem vivia internada com depressão isso aqui hoje é o paraíso”, conta Cida enquanto faz o acabamento de um coração de feltro verde e amarelo.
Projetos como o Gerarte são parte da estratégia de mudança do atendimento hospitalar de pacientes de saúde mental para os serviços de base comunitária. Junto com os Caps, as residências terapêuticas e o benefício De Volta Pra Casa, os centros de convivência e arte sustentam a reforma psiquiátrica.
“Os associados têm que fazer parte do programa de saúde mental: vêm dos Caps ou fazem acompanhamento ambulatorial”, explica a arte-terapeuta Heloísa de Araújo.
De acordo com o Ministério da Saúde, há pelo menos 393 experiências de saúde mental e economia solidária mapeadas em todo o país. Em Goiânia, o Gerarte, criado em 2008, inaugurou a segunda unidade em janeiro deste ano e tem oficinas de costura, bijuterias, tapeçaria, pintura, tear e papel. “A renda é dividida entre todos, de acordo com os turnos trabalhados. Cada associado tem recebido mais ou menos R$ 90 ou R$ 100 [por mês]”, calcula Heloísa.

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